segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Colocação pronominal

Nos meus meses de vestibulando, este foi o assunto que mais me assombrou. Onde colocar o pronome átono? Mas e se tem uma negação? Posso começar uma oração com o pronome átono?
Abaixo, uma explicação para aqueles que ainda ficam com um ponto de interrogação na mente quando o assunto é colocação pronominal.

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Próclise: pronome antes do verbo
Mesóclise: pronome no meio do verbo
Ênclise: pronome depois do verbo

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Regras gerais:
Com um só verbo

1. Verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, usa-se apenas próclise ou mesóclise:

Eu me sentarei.
Eu me sentaria.
Eu sentar-me-ia.

2. Usa-se a próclise também:

- quando uma palavra de sentido negativo (não, nunca, jamais, nada, nenhum, nem, ninguém) precede o verbo, não havendo pausa :

Nunca o vi por estes lados.


- quando o verbo é precedido de advérbio (aqui, ali, cá, lá, muito, bem, mal, sempre, somente, depois, após, já, ainda, antes, agora, talvez, acaso, porventura) ou expressões adverbiais e não há pausa que os separe:

Sempre lhe digo, e nunca me ouve.


- quando o verbo é precedido de que (menos quando substantivo):

O que você nos disse faz sentido.


- quando o verbo é precedido de pronome relativo (o qual, quem, cujo, onde):

Quem me ligou?


- quando o sujeito da oração, anteposto ao verbo, contém o numeral ambos ou algum pronome indefinido (algum, alguém, diversos, muito, pouco, vários, tudo, outrem, algo):

Alguém me chama.
Ambos se dizem ganhadores.


- quando o verbo é precedido de pronome demonstrativo (este(a), esse(a), isto, isso, aquilo):

Aquilo lhe pertence.


- nas orações que exprimem exclamação ou desejo:

Raios os partam!
Que Deus o abençõe.


- quando o verbo é precedido de conjunção subordinativa (porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais... mais):

Quando me disseram, já era tarde.


- quando o verbo é precedido das conjunções coordenativas não só... mas também, quer... quer, já... já, ou... ou, ora... ora.

Não só me disse isso, mas também me presenteou.


- com o gerúndio regido da preposição em ou de advérbio:

Em se tratando de escola, ela prefere a matemática.
Bem o dizendo, mal o negando.


- com formas verbais proparoxítonas:

Nós o teríamos deixado.


- nas orações iniciadas por pronomes interrogativos:

Quem te deu esse doce?


- nas orações iniciadas por objeto direto ou predicativo:

Isso te digo eu.


3. Não se dá ênclise nem próclise com os particípios.

4. Com infinitivo solto (que não faça parte de locução verbal), tanto faz usar ênclise ou próclise. (Porém, não combine por ou nem com os pronomes o, a, os, as.)


Com uma locução verbal

Quando na oração há verbo auxiliar + infinitivo, é necessário levar em consideração a atração, podendo o pronome ficar depois do auxiliar ou do infinitivo (quero-lhe dizer a verdade / quero dizer-lhe a verdade*), caso não haja atração, ou antes do auxiliar e depois do infinitivo, caso contrário (não quero lhe dizer a verdade / não quero dizer-lhe a verdade).


Quando na oração há verbo auxiliar + preposição e infinitivo, se não houver atração o pronome fica depois do infinitivo (deixou de a procurar / deixou de procurá-la), caso contrário, o pronome fica antes do auxiliar ou depois do infinitivo (não a deixou de procurar / não deixou de procurá-la).


Quando na oração há verbo auxiliar + gerúndio, se não houver atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do gerúndio (vinha-lhe dizendo a verdade / vinha dizendo-lhe a verdade), caso contrário, o pronome fica antes do auxiliar (não lhe vinha dizendo a verdade).

Quando na oração há verbo auxiliar + particípio, se não houver atração, o pronome fica antes ou depois do auxiliar (os chefes haviam-no recomendado / os chefes o haviam recomendado), caso contrário, fica apenas antes do auxiliar (quis saber por que o haviam recomendado).

Obs.: Quando o verbo principal está no particípio, o pronome átono não pode vir depois dele.


Casos opcionais

Com os pronomes pessoais e com o infinitivo que não faça parte da locução verbal.


Mesóclise

Usa-se ao iniciar frases ou quando não existir nada que atraia o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito.

Obs.: convém evitar essas formas, já que são mais ligadas à linguagem erudita.


(Fontes de pesquisa: Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, ed. Lexikon; Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo, Eduardo Martins, ed. Moderna.)


* Alguns exemplos foram retirados do Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo, Eduardo Martins, ed. Moderna.

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