segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Todo(a) ou todo(a) o(a): quando o artigo faz toda a diferença

Estas vogais, a e o, geralmente fazem muita diferença quando assumem função sintática de artigo definido (feminino ou masculino, respectivamente). Nesta Dica, falaremos sobre o pronome indefinido todo(a), já que a presença do artigo, posposto a ele, pode mudar todo o significado de uma frase.

Se lermos em voz alta as frases: “Ele encapa com plástico todo livro que vai para a estante” e “Ela derrubou café e manchou todo o livro” perceberemos que, na fala, a presença do artigo pode passar despercebida. Isso ocorre porque a concordância entre artigo e pronome forma crase entre a última letra de todo, que o identifica como palavra masculina, e o artigo o, que com ele concorda. Por esse motivo, dizem os gramáticos, as pessoas costumam ficar indecisas entre o uso de todo(a) ou todo(a) o(a).

Mas, como na língua escrita não temos a entonação da fala, precisamos usar de outros recursos para tornar claro nosso discurso e, neste caso, o artigo pode ajudar. Vejamos mais um exemplo:
(a) Ela trocou as personagens e mudou toda a história.
(b) Toda história que ele conta é mentirosa.

Na frase (a) toda a história tem o sentido de “história inteira”, enquanto na frase (b) toda história tem sentido de “qualquer história”. É essa a diferença estabelecida com a presença do artigo definido, ou seja, todo(a) – sozinho – tem sentido de “cada/qualquer”e todo(a) o(a),de “inteiro/total”.

Mas atenção, quando no plural todos e todas devem vir acompanhados de artigo também no plural (Ela fez todas as obrigações do dia), a não ser que sejam seguidos de palavras que o excluam, como pronomes demonstrativos (Não preciso de todas essas regalias) e numerais não acompanhados de substantivo (Ele aceitou todos os quatro pedaços que lhe ofereceram e já comeu todos quatro).

A diferenciação entre todo(a) e todo(a) o(a) é corrente no português moderno e do Brasil, por isso muitos gramáticos aceitam a utilização do pronome todo(a), no singular, com ou sem artigo definido, abrangendo todos os sentidos citados acima. Mas, se podemos facilitar a compreensão do leitor de nosso discurso, por que não?

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